Resenha: A culpa é das estrelas - John Green

No nosso primeiro contato com John Green, Hazel Grace e Augustus Waters, na brilhante história de amor, emocionante e melancólica, onde o riso e o choro são companheiros de páginas, a cada novo capítulo, permitimos ter o nosso coração quebrado em infinitos pedaços. 

Título: A culpa é das estrelas - Autor: John Green - Editora: Intrínseca - Páginas: 288 - Ano: 2012 

Os adolescentes Hazel e Gus gostariam de ter uma vida normal. Alguns diriam que não nasceram com estrela, que o mundo deles é injusto. Os dois são novinhos, mas se o câncer do qual padecem ensinou alguma coisa é que não há tempo para lamentações, pois, se aceitamos ou não, só existe o hoje e o agora. E assim, com a intenção de realizar o maior desejo de Hazel - conhecer seu escritor favorito - ambos cruzarão o Atlântico para uma aventura contra o tempo, tão catártico quanto devastador. Destino: Amsterdam, o lugar onde reside o enigmático e mal-humorado escritor - a única pessoa que talvez possa ajudar-lhes a encaixar as peças do enorme quebra-cabeça onde se encontram.

Como descrever um livro se, "Às vezes [Ele] enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam."? Então, o que escrever sobre A culpa é das estrelas que já não tenha sido escrito? 

Hazel Grace é uma adolescente de 16 anos que há três convive com o câncer. Por insistência da sua mãe, passa a frequentar um grupo de apoio formado por pacientes diagnosticados com vários tantos outros tipos da doença. Em um dos encontros com o grupo, conhece Augustus Waters, melhor amigo de Isaac - um dos frequentadores do grupo e que sofre de um raro tipo de câncer ocular.

Augustus Waters, se é que vocês ainda não o conhecem, é um adolescente de 17 anos que conseguiu vencer o câncer e, desde então, entre metáforas e jogos de vídeo game, leva uma vida como a de qualquer outro jovem. Mas Gus não pode ser comparado a qualquer jovem. John e Hazel que nos perdoem, mas ACEDE, muito mais do que "o livro da Hazel" acaba se tornando "o livro do Augustus". 

A partir desse encontro, tanto Hazel quanto Gus tem suas vidas mudadas. Em busca do sonho de Hazel, os dois partem atrás de respostas. E entre finitos e infinitos, dias contados, livros e a culpa dos astros, das estrelas, no caso, você tem o coração destruído em pedaços.

Não que o livro seja triste ou o/a faça ficar assim. Muito pelo contrário. O livro, pelo menos para nós, mais do que garantir risos e lágrimas, foi capaz de permitir uma maior reflexão acerca de nossas vidas (John Green tem uma escrita peculiar e perfeita - "E, é claro, se o senhor algum dia resolver escrever qualquer outra coisa, mesmo que não queira publicar, eu adoraria ler. Para ser sincera, eu leria até a sua lista de compras de supermercado."), reaver borboletas nos nossos estômagos (Impossível  não se deixar encantar pelo amor dos protagonistas - "Você me deu uma eternidade dentro nos nossos dias numerados, e eu sou muito grata por isso.")  e questionar quão bem estamos, o que queremos, quem somos, ou seja, Filosofia é o que não falta (Ou não - "Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações.").

O desfecho é inteiramente realista. E se vocês estão se perguntando se "inteiramente realista" responde essa pergunta temerosa a ser feita, sinto muito informa-lhes, responde. A culpa é das estrelas, mais do que um ótimo livro, se torna uma escolha. E nós, bem...

Nós aceitamos.

"Não dá pra escolher se você vai ou não se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo."

Nós aceitamos.